Programa brasileiro de logística reversa das embalagens vazias ou com sobras pós-consumo de defensivos agrícolas, o Sistema Campo Limpo reúne a indústria fabricante, o canal de distribuição, os agricultores e o poder público. Cada um desses elos tem seu papel e suas responsabilidades definidas por legislação para promover a logística reversa e dar destinação ambientalmente adequada a essas embalagens.
O inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) é a entidade gestora do Sistema, e todo o processo é regulamentado pela Lei nº 9.974/00 e seu decreto regulamentador nº 4.074/02.
O Sistema Campo Limpo é responsável por destinar corretamente 94% de todas as embalagens plásticas primárias1 de defensivos agrícolas colocadas no mercado. Além disso, de cada 100 embalagens, 93 retornam ao processo produtivo, dando origem a novas embalagens de agroquímicos, seguras e certificadas, ou a artefatos empregados na construção civil e na indústria automotiva, energética e outras. As sete restantes, que não podem ser reinseridas no processo produtivo, são incineradas, em um processo de destinação ambientalmente adequado. GRI 301-3
Esses números fazem do Sistema referência global em logística reversa e um exemplo de economia circular (leia mais na página 12). Para manter esse desempenho, o Sistema está presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, somando 411 unidades fixas (postos e centrais de recebimento), além de recebimentos itinerantes, para estar próximo do produtor rural. GRI 102-6
1 As embalagens primárias são aquelas que têm contato com o produto.

Referência em circularidade GRI 103-2, 103-3 e 306-2
O recebimento das embalagens vazias de agroquímicos e sua transformação em um novo recipiente seguro e eficiente, reinserido no mercado, é o ciclo virtuoso promovido pelo Sistema Campo Limpo e que o torna uma referência em circularidade.
Além da reinserção dos materiais, principalmente plástico, na indústria, o ciclo evita que esses componentes permaneçam de forma inadequada na natureza e contaminem o solo e a água, além de reduzir a demanda por extração de materiais virgens para a produção.
A Ecoplástica®, referência internacional em desempenho e segurança para o segmento agroquímico, é feita pela Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A. Seu sistema de vedação de alta performance, a Ecocap®, é fabricado pela Campo Limpo Tampas e Resinas Plásticas Ltda. Ambas as empresas foram idealizadas pelo inpEV e seu lucro é reinvestido no custeio do Sistema.
O desenvolvimento dos produtos foi um marco na história do Sistema e, além de fechar o ciclo produtivo, é uma inovação no mercado que demonstra a viabilidade da produção de embalagens de defensivos com resinas recicladas com alto desempenho, segurança e certificação para transporte terrestre e marítimo.
Economia circular
Uma nova maneira de projetar, produzir e consumir que respeita os limites do planeta. Os resíduos se tornam novamente matéria-prima para a sua própria produção (ciclo fechado) ou têm seus componentes destinados a outros segmentos da indústria (segunda vida).
Rede de recebimento
A estrutura de recebimento de embalagens vazias ou com sobras pós-consumo é capilarizada, presente em todo o território nacional, e planejada para estar próxima do produtor rural. Ela é operada a partir de um planejamento robusto que confere a máxima eficiência ao processo e acompanha o dinamismo do agronegócio brasileiro.
As unidades de recebimento das embalagens pós-consumo são divididas em postos e centrais, classificados de acordo com o volume de materiais e com as necessidades de processamento (feito apenas nas centrais).
Em 2020, o Sistema contava com 99 centrais e 312 postos de recebimento. Parte do processo contínuo de busca de eficiência, desde 2019, de forma negociada, as centrais estão migrando sua administração para o inpEV – até então, a maioria das centrais e postos era gerida pelo canal de distribuição. Atualmente, 45 já passaram para a gestão do Instituto, 17 delas em 2020. GRI 102-10
A gestão direta das centrais foi recomendada, após profundas análises, pelo Conselho Diretor do inpEV, órgão do qual fazem parte representantes de todos os elos do Sistema Campo Limpo. O objetivo é avançar em uma gestão integrada dessas unidades, que pode trazer benefícios ao Sistema, incluindo redução de custos para todos os elos da cadeia. Como entidade gestora, o inpEV detém o conhecimento de todo o processo de destinação das embalagens e dissemina boas práticas em temas como gestão ambiental, promoção de um ambiente seguro de trabalho e eficiência.
Mesmo com a pandemia do novo coronavírus e a mobilização para garantir a segurança dos trabalhadores, o planejamento de mudança das centrais seguiu o seu cronograma até o fim do ano. Procedimentos de integração das equipes, treinamentos e contratação de operadores, quando necessário, foram todos realizados de forma virtual para garantir a saúde dos envolvidos (leia mais em Desenvolvimento humano). Outra preocupação é manter a proximidade entre a central, o canal distribuidor e os produtores rurais em cada região, garantindo o bom relacionamento e a comunicação entre esses elos estratégicos para o Sistema.
Outro benefício da gestão integrada foi agilizar e tornar mais eficiente a tomada de decisão ao longo do ano, especialmente em relação à forte demanda de recebimento de embalagens, sem causar gargalos no Sistema.
Formas de destinação GRI 306-2
Todos os tipos de embalagem de defensivos agrícolas regularmente comercializados são destinados pelo Sistema Campo Limpo, incluindo as embalagens de plástico e metal, tampas e caixas de papelão utilizadas no transporte.
Embalagens que não passaram por tríplice lavagem no campo, uma responsabilidade do agricultor, ou com sobras pós-consumo de defensivos – cerca de 7% do volume total destinado – são incineradas por empresas especializadas. Isso inclui produtos que o agricultor não utilizou até o fim, com data de validade vencida ou com danos na embalagem que impeçam a sua comercialização. Também são incinerados produtos em desuso, que tiveram o registro cancelado, mas não proibido.
Uma alternativa ambientalmente mais interessante que a incineração surge com a possibilidade do coprocessamento. O inpEV realizou estudos sobre o procedimento entre 2014 e 2016, incluindo testes em parceria com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que demonstraram sua eficiência e segurança. O procedimento, que inclui apenas as embalagens vazias, é mais eficiente que a incineração tradicional e pode ser um substituto ao uso de combustíveis fósseis nesses fornos. Também está alinhado a normativas internacionais como a Convenção de Estocolmo. O inpEV ainda avalia os impactos dessa opção, e segue mantendo a reciclagem e a incineração como os meios de destinação final das embalagens.
GESTÃO DE RESÍDUOS1 (t) | ||||||
TOTAL GERADO | RECICLADO | INCINERADO4 | ||||
| 2019 | 2020 | 2019 | 2020 | 2019 | 2020 |
Não perigosos2 | 42.528,2 | 45.676,2 | 42.528,2 | 45.676,2 | 0,0 | 0,0 |
Perigosos3 | 3.165,7 | 4.303,5 | 362,7 | 850,6 | 2.803,0 | 3.453,0 |
Total | 45.693,9 | 49.979,8 | 42.890,9 | 46.526,8 | 2.803,0 | 3.453,0 |
1 Todo o processamento dos resíduos é realizado externamente, por recicladoras e incineradoras parceiras.
2 Aço, alumínio (embalagem e grade de reservatório IBC), embalagens plásticas lavadas de polietileno coextrusado (Coex) e de polietileno de alta densidade (Pead), papelão e tampas.
3 Embalagens rígidas não lavadas, embalagens plásticas flexíveis não lavadas, bolha do reservatório IBC, hidróxido de alumínio, embalagens de vidro e embalagens com sobras pós-consumo líquidas e sólidas.
4 Inclui as embalagens recebidas com sobras pós-consumo (131 toneladas em 2019 e 99 toneladas em 2020).
EMBALAGENS DESTINADAS (t) POR ESTADO – 2020 | ||
---|---|---|
Mato Grosso | 12.872,5 | 26% |
Paraná | 6.507,9 | 13% |
São Paulo | 5.434,4 | 11% |
Rio Grande do Sul | 5.296,3 | 11% |
Goiás | 4.709,6 | 9% |
Mato Grosso do Sul | 3.674,9 | 7% |
Bahia | 3.669,1 | 7% |
Minas Gerais | 3.222,5 | 6% |
Maranhão | 925,0 | 2% |
Tocantins | 751,6 | 2% |
Outros | 2.817,4 | 6% |
Total1 | 49.881,1 | 100% |
1 Não inclui as sobras pós-consumo recebidas.