Sistema
Campo Limpo

GRI 103-2, 103-3 e 306-1

Programa brasileiro de logística reversa das embalagens vazias ou com sobras pós-consumo de defensivos agrícolas, o Sistema Campo Limpo reúne a indústria fabricante, o canal de distribuição, os agricultores e o poder público. Cada um desses elos tem seu papel e suas responsabilidades definidas por legislação para promover a logística reversa e dar destinação ambientalmente adequada a essas embalagens.

O inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) é a entidade gestora do Sistema, e todo o processo é regulamentado pela Lei nº 9.974/00 e seu decreto regulamentador nº 4.074/02.

O Sistema Campo Limpo é responsável por destinar corretamente 94% de todas as embalagens plásticas primárias1 de defensivos agrícolas colocadas no mercado. Além disso, de cada 100 embalagens, 93 retornam ao processo produtivo, dando origem a novas embalagens de agroquímicos, seguras e certificadas, ou a artefatos empregados na construção civil e na indústria automotiva, energética e outras. As sete restantes, que não podem ser reinseridas no processo produtivo, são incineradas, em um processo de destinação ambientalmente adequado. GRI 301-3

Esses números fazem do Sistema referência global em logística reversa e um exemplo de economia circular (leia mais na página 12). Para manter esse desempenho, o Sistema está presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, somando 411 unidades fixas (postos e centrais de recebimento), além de recebimentos itinerantes, para estar próximo do produtor rural. GRI 102-6

1 As embalagens primárias são aquelas que têm contato com o produto.

Referência em circularidade GRI 103-2, 103-3 e 306-2

O recebimento das embalagens vazias de agroquímicos e sua transformação em um novo recipiente seguro e eficiente, reinserido no mercado, é o ciclo virtuoso promovido pelo Sistema Campo Limpo e que o torna uma referência em circularidade.

Além da reinserção dos materiais, principalmente plástico, na indústria, o ciclo evita que esses componentes permaneçam de forma inadequada na natureza e contaminem o solo e a água, além de reduzir a demanda por extração de materiais virgens para a produção.

A Ecoplástica®, referência internacional em desempenho e segurança para o segmento agroquímico, é feita pela Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A. Seu sistema de vedação de alta performance, a Ecocap®, é fabricado pela Campo Limpo Tampas e Resinas Plásticas Ltda. Ambas as empresas foram idealizadas pelo inpEV e seu lucro é reinvestido no custeio do Sistema.

O desenvolvimento dos produtos foi um marco na história do Sistema e, além de fechar o ciclo produtivo, é uma inovação no mercado que demonstra a viabilidade da produção de embalagens de defensivos com resinas recicladas com alto desempenho, segurança e certificação para transporte terrestre e marítimo.

Economia circular

Uma nova maneira de projetar, produzir e consumir que respeita os limites do planeta. Os resíduos se tornam novamente matéria-prima para a sua própria produção (ciclo fechado) ou têm seus componentes destinados a outros segmentos da indústria (segunda vida).

Rede de recebimento

A estrutura de recebimento de embalagens vazias ou com sobras pós-consumo é capilarizada, presente em todo o território nacional, e planejada para estar próxima do produtor rural. Ela é operada a partir de um planejamento robusto que confere a máxima eficiência ao processo e acompanha o dinamismo do agronegócio brasileiro.

As unidades de recebimento das embalagens pós-consumo são divididas em postos e centrais, classificados de acordo com o volume de materiais e com as necessidades de processamento (feito apenas nas centrais).

Em 2020, o Sistema contava com 99 centrais e 312 postos de recebimento. Parte do processo contínuo de busca de eficiência, desde 2019, de forma negociada, as centrais estão migrando sua administração para o inpEV – até então, a maioria das centrais e postos era gerida pelo canal de distribuição. Atualmente, 45 já passaram para a gestão do Instituto, 17 delas em 2020. GRI 102-10

A gestão direta das centrais foi recomendada, após profundas análises, pelo Conselho Diretor do inpEV, órgão do qual fazem parte representantes de todos os elos do Sistema Campo Limpo. O objetivo é avançar em uma gestão integrada dessas unidades, que pode trazer benefícios ao Sistema, incluindo redução de custos para todos os elos da cadeia. Como entidade gestora, o inpEV detém o conhecimento de todo o processo de destinação das embalagens e dissemina boas práticas em temas como gestão ambiental, promoção de um ambiente seguro de trabalho e eficiência.

Mesmo com a pandemia do novo coronavírus e a mobilização para garantir a segurança dos trabalhadores, o planejamento de mudança das centrais seguiu o seu cronograma até o fim do ano. Procedimentos de integração das equipes, treinamentos e contratação de operadores, quando necessário, foram todos realizados de forma virtual para garantir a saúde dos envolvidos (leia mais em Desenvolvimento humano). Outra preocupação é manter a proximidade entre a central, o canal distribuidor e os produtores rurais em cada região, garantindo o bom relacionamento e a comunicação entre esses elos estratégicos para o Sistema.

Outro benefício da gestão integrada foi agilizar e tornar mais eficiente a tomada de decisão ao longo do ano, especialmente em relação à forte demanda de recebimento de embalagens, sem causar gargalos no Sistema.

Formas de destinação GRI 306-2

Todos os tipos de embalagem de defensivos agrícolas regularmente comercializados são destinados pelo Sistema Campo Limpo, incluindo as embalagens de plástico e metal, tampas e caixas de papelão utilizadas no transporte.

Embalagens que não passaram por tríplice lavagem no campo, uma responsabilidade do agricultor, ou com sobras pós-consumo de defensivos – cerca de 7% do volume total destinado – são incineradas por empresas especializadas. Isso inclui produtos que o agricultor não utilizou até o fim, com data de validade vencida ou com danos na embalagem que impeçam a sua comercialização. Também são incinerados produtos em desuso, que tiveram o registro cancelado, mas não proibido.

Uma alternativa ambientalmente mais interessante que a incineração surge com a possibilidade do coprocessamento. O inpEV realizou estudos sobre o procedimento entre 2014 e 2016, incluindo testes em parceria com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que demonstraram sua eficiência e segurança. O procedimento, que inclui apenas as embalagens vazias, é mais eficiente que a incineração tradicional e pode ser um substituto ao uso de combustíveis fósseis nesses fornos. Também está alinhado a normativas internacionais como a Convenção de Estocolmo. O inpEV ainda avalia os impactos dessa opção, e segue mantendo a reciclagem e a incineração como os meios de destinação final das embalagens.

GESTÃO DE RESÍDUOS1 (t)
GRI 306-3, 306-4 e 306-5

TOTAL GERADO

RECICLADO

INCINERADO4

 

2019

2020

2019

2020

2019

2020

Não perigosos2

42.528,2

45.676,2

42.528,2

45.676,2

0,0

0,0

Perigosos3

3.165,7

4.303,5

362,7

850,6

2.803,0

3.453,0

Total

45.693,9

49.979,8

42.890,9

46.526,8

2.803,0

3.453,0

1 Todo o processamento dos resíduos é realizado externamente, por recicladoras e incineradoras parceiras.
2 Aço, alumínio (embalagem e grade de reservatório IBC), embalagens plásticas lavadas de polietileno coextrusado (Coex) e de polietileno de alta densidade (Pead), papelão e tampas.
3 Embalagens rígidas não lavadas, embalagens plásticas flexíveis não lavadas, bolha do reservatório IBC, hidróxido de alumínio, embalagens de vidro e embalagens com sobras pós-consumo líquidas e sólidas.
4 Inclui as embalagens recebidas com sobras pós-consumo (131 toneladas em 2019 e 99 toneladas em 2020).

EMBALAGENS DESTINADAS (t) POR ESTADO – 2020

Mato Grosso

12.872,5

26%

Paraná

6.507,9

13%

São Paulo

5.434,4

11%

Rio Grande do Sul

5.296,3

11%

Goiás

4.709,6

9%

Mato Grosso do Sul

3.674,9

7%

Bahia

3.669,1

7%

Minas Gerais

3.222,5

6%

Maranhão

925,0

2%

Tocantins

751,6

2%

Outros

2.817,4

6%

Total1

49.881,1

100%

1 Não inclui as sobras pós-consumo recebidas.

Embalagens destinadas, segundo o destino (t)